quarta-feira, 29 de agosto de 2018

FORMAÇÃO SABERES INDÍGENAS NA ESCOLA- Aldeias de Prado e Pé do Monte









Amigos e amigas!

 Nossa formação do Saberes Indigena realizado na aldeia Pé do Monte, foi maravilhosa. Não tenho nem palavras para dizer o que foi esse encontro. Agradecer a professora Geovanda e todos os nossos cursistas e em especial a essa comunidade que sempre nos acolhe muito bem. A professora Dalva o professor Perivaldo e os monitores da UNEB. Ao professor Tohõ por ter nos dado a oportunidade de participar do ritual sagrado e recarregar as nossas energias.( Cristiane Oliveira- Professora Orientadora do Saberes Indígenas)









Atividades de Formação entre Cursistas, Coordenação de Ação e Orientadore(a)s, Formadore(a)s dos Saberes Indígenas na Escola do Município de Prado e do Entorno do Pé do Monte Pascoal entre 09 e 11 de Agosto de 2018



1- Objetivos: 2- Propiciar uma reflexão crítico-teórica da experiência da pintura e escrita corporal como pré-requisito do processo de apropriação da leitura e da escrita alfabética e, princípio intercultural do processo de letramento. 3- Iniciar o processo de avaliação diagnóstica da escola indígena que temos à que queremos.



EDUCAÇÃO INDÍGENA E EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA: QUE ESCOLA TEMOS E QUE ESCOLA QUEREMOS?
1º dia – 09 de agosto de 2018 8:30 –ABERTURA: Awê 9:00 – Roda de Conversa: Apresentação dos presentes das escolas, comunidades e equipe de Formadores 1- Coletivo Responsável: Maria Geovanda Batista (UNEB/CEPITI - Coordenadora de Ação); Cristiane Maria de Oliveira; Perisvaldo Rodrigues Azevedo; Dalva dos Santos Santana (Supervisore(a)s) e Educadore(a)s Locais circunvizinhos do Pé do Monte Pascoal).


9:30 – Vivência Intercultural: Pintura e Escrita Corporal entre cursistas, formadores e pessoas da comunidade: - Preparação da tinta e do ambiente; - Pintura propriamente dita Roda de Conversa - Socialização da experiência de pintar e ser pintado - Explorando os diferentes sentidos e significados postos em jogo para serem desconstruídos e reconstruídos coletivamente sobre a pintura e escrita corporal como parte do processo de letramento intercultural.
12h – Parada para o almoço 13:30 – Trabalho em Grupo: Leitura e Discussão coletiva do texto preparado pela profa. Maria Geovanda Batista: Primeiros Passos pelos Caminhos da Alfabetização e do Letramento das Múltiplas Linguagens na Educação Intercultural Indígena. O que é Linguagem? Para que serve? O porquê do letramento entre os Pataxó nas aldeias?

( Segue abaixo o principal fragmento do texto que orientou a atividade, foi lido e refletido primeiro, nos grupos de estudo, depois na plenária )
Ábwa - Amix : Ler e Escrever - Alfabetização e Letramento Intercultural Indígena Pataxó “Demorei muito a ter contato com a escola (...) porque os índios sofriam preconceitos por parte dos não-índios. Minha família vivia com medo por tudo o que tinham vivido antes (fogo de 
1951), sendo assim, obrigados a esconder sua cultura e suas origens. A educação que tive primeiramente foi a educação cultural por Luciana Maria Ferreira (Zabelê) ajudada pela sua filha. Esse conhecimento ocorreu em rodas de causos contados por ela perante os sobrinhos e netos, principalmente. As aulas eram de dia, o aprendizado incluía escrita de nomes e contagem dos números. Posicionada no centro da roda, Zabelê entoando a chula a seguir, dançava com um graveto na mão encenando estar escrevendo no chão. Mas, ao invés de letras, traçava linhas e rabiscos aleatórios no chão. Pois, Zabelê não sabia ler nem escrever: “Caboco de Pena, escreva na areia. Caboco de Pena escreva na areia! Escreva meu Caboquinho o nome da aldeia. Escreva meu Caboquinho o nome da aldeia”. Tinha vez que as letras do alfabeto e os numerais desenhados no chão de areia se misturavam às delícias da gastronomia Pataxó que minha avó Martinha (Dona Buru) chegava para a gente degustar. Ministério da Educação Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão Universidade do Estado da Bahia Saberes Indígenas na Escola Território Yby Yara5 Peixe na patioba, beiju, farinha de coco e tapioca . . . A comida era a recompensa para quem dançasse e escrevesse o nome correto na areia. Catar sementes na mata, conchas na beira da praia, fazer colar, cortinas, abajour, se transformava em oportunidades para a gente aprender a contar, escrever os números, resolver operações mais simples.  Quem se destacasse no que fazia e demonstrava aprender, ganhava a vestimenta mais enfeitada para dançar na festa da puxada do mastro de São Sebastião em Cumuruxatiba no dia 20 de janeiro. (...) Assim,entre 11 e 12 anos (1986 – 1987) quando fui para a escola, já conhecia as letras do alfabeto, sabia escrever meu nome, contar e escrever os números. Portanto, se, o povo Pataxó se mantêm até hoje, tem sido graças aos mestres e às mestras da cultura como Zabelê, minha avó Buru e outras pessoas anônimas espalhadas por aí, dentro e fora das nossas aldeias”. (Professora Jandaia - Cristiane Oliveira, Aldeia Kaí, 2008)

15h30min – Plenária de compartilhamento da discussão do texto realizada em grupo: a experiência da escrita corporal e o processo de alfabetização e letramento com participação especial de Braga, liderança Pataxó da comunidade que se sentiu atraído pelo assunto.
18:00 – Jantar De 19h às 22h – Roda de Conversa e vivência em volta da fogueira com lideranças da comunidade e eucadore(a)s da rede de saberes
2º dia – 10 de agosto de 2018 8:00 – ABERTURA: Awê, Ministério da Educação Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão Universidade do Estado da Bahia Saberes Indígenas na Escola Território Yby Yara8 8:30 – Plenária de socialização do Trabalho em Grupo: Rememorando as práticas e a experiência vivida com a escrita corporal e suas múltiplas relações com o letramento.
10:30 – Trabalho de Grupo: Planejamento e criação de atividades pedagógicas para o letramento intercultural na sala de aula. 12h- Parada para o almoço.
13:00 – Plenária de apresentação das atividades criadas e sugeridas em grupo para inclusão no planejamento. 15:00 – Discussão com participação de liderança da comunidade Pé do Monte: saberes indígenas como processo e produto da educação escolar e comunitária. 16:30 às 18h - Avaliação com Mediadore(a)s - Dalva Santana, Geovanda, Perivaldo e Cristiane .






3º dia – 11 de agosto de 2018 8:00 – ABERTURA: Awê
08:30 – Leitura do texto: O lugar do protagonismo das crianças indígenas na escola e no processo de letramento.
10:30 – Trabalho em Grupo: Preparação de Atividades que privilegiam o protagonismo das crianças para serem desenvolvidas na prática pedagógica
11.30: Apresentação e discussão das atividades planejadas e compartilhadas 12.30: Parada para o almoço 13.30h – Preparação de documento sobre a problemática enfrentada pela escola indígena Pataxó do Trevo do Parque, para ser encaminhado à Coordenação da Educação Escolar Indígena na SEC-BA. De 14.30h às 16h - Avaliação Final do Encontro de Formação e Sugestões para o próximo, agendado na Aldeia Águas Belas, Escola Indígena Pataxó Bom Jesus, de 29 a 31 de agostos, próximos. Considerações Finais O envolvimento e interesse demonstrado pelo tema e atividades propostas servem de indicador para avaliarmos sua pertinência programática para formação do(a)s educadore(a)s indígenas numa perspectiva intercultural. O campo aberto de possibilidades de se tirar proveito da pintura corporal como uma linguagem que reúne saberes e práticas tradicionais indígenas é totalmente interdisciplinar, envolve saberes da terra, das árvores, do manejo e beneficiamento de seus frutos, cascas, folhas e raízes; saberes necessários à gestão territorial e socioambiental; saberes do corpo e da saúda; a memória de cada pessoa e da comunidade. Não foi difícil criar e desenvolver atividades com o(a)s participantes para serem realizadas nas salas de aula onde atuam. Com a atividade de leitura e vivência prática encaminhada, estaremos nos preparando para colocar em relevo no próximo encontro de formação, o protagonismo e a formação da co-autoria das crianças indígenas no processo do letramento e alfabetização. ( Texto extraído do Relatório Elaborado por: Maria Geovanda Batista -Coordenadora de ação dos Saberes Indígena na Escola em Prado)

Nenhum comentário:

Postar um comentário